Com tarifaço de Trump, pecuaristas têm vendas de gado suspensas no interior de SP
17/07/2025
(Foto: Reprodução) Tarifa de 50% nas exportações já afeta criadores de gado em Barretos, SP
Pecuaristas de Barretos (SP), no interior de São Paulo, relatam que tiveram as vendas de gado suspensas depois da tarifa de 50% anunciada pelo presidente americano, Donald Trump, sobre as exportações do Brasil.
O reflexo ocorre porque frigoríficos brasileiros já estão parando de produzir carne bovina destinada aos Estados Unidos, que são o segundo maior comprador da carne bovina nacional. Eles importam 12% de todo o volume que o Brasil vende para o exterior, segundo o Ministério da Agricultura.
"Com essa taxa, inviabiliza o negócio. O negócio para. Para os Estados Unidos, fica inviável", enfatiza o pecuarista Antonio José Prata Carvalho.
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A tarifa está marcada para entrar em vigor no dia 1º de agosto. Por isso, existe a incerteza dos frigoríficos em relação aos acordos de vendas já firmados.
"Os contratos já realizados, a gente não sabe se já vão entrar nessa tarifa ou não. Então, claro, por precaução, os frigoríficos que negociam com os Estados Unidos suspenderam as compras e estão vendo como vão fazer com esses embarques que já estão programados", completa Antonio.
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Diretor do Sindicato da Indústria de Alimentação de Barretos, Enílson Roberto da Silva destaca a preocupação com o cenário. Ele faz um alerta para o risco de demissões, já que parte das operações das empresas deverá ser suspensa.
"Nós temos uma empresa de abate que tem em torno de 3 mil funcionários, entre duas unidades produtivas, uma de abate e outra, de transformação de carne, e também um centro administrativo. A preocupação é grande. Realmente, muito grande. A gente está aqui sem saber o que vai acontecer. Todo mundo na expectativa para saber que rumo a gente vai tomar nessas questões", afirma.
Carne mais barata?
Por outro lado, com a tendência de queda nas exportações, o economista Edgard Monforte Merlo aponta para a possibilidade de a carne ficar mais barata no Brasil.
"A carne estava subindo bastante, então, em um primeiro momento, a gente vai ter esse esforço dos frigoríficos em vender uma parcela, que era exportada, aqui dentro. Então, o consumidor pode ver alguma queda no preço da carne."
Gado em Barretos, SP
Reprodução/EPTV
Negociações das tarifas
O anúncio da tarifa de 50% pegou o mercado de surpresa. Na última terça-feira (15), o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, realizou duas reuniões com empresários de diversos setores para discutir os impactos da medida.
Segundo Alckmin, os empresários pediram ao governo que negocie com autoridades dos EUA o adiamento da entrada em vigor da tarifa de Trump por até 90 dias, dando mais tempo para que a indústria possa se adaptar. O governo, contudo, não planeja pedir o adiamento.
Mais cedo, ainda na terça, a Câmara de Comércio dos EUA e a Câmara Americana de Comércio no Brasil (Amcham) divulgaram uma nota conjunta pedindo uma negociação de “alto nível” entre os dois países.
"A tarifa proposta de 50% afetaria produtos essenciais às cadeias produtivas e aos consumidores norte-americanos, elevando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade de setores produtivos estratégicos dos EUA", avaliaram as entidades, por meio de nota.
Raio X da exportação
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