Professor transforma bairro em sala de aula e é finalista do Prêmio Educador Nota 10 com projeto de sustentabilidade
25/10/2025
(Foto: Reprodução) Rafael César Silva é um dos finalistas do Prêmio Educador Nota 10
Rafael César Silva/Arquivo pessoal
Quando o professor de geografia Rafael César Silva, de 29 anos, decidiu levar seus alunos para “dentro” do bairro Matosinhos, em São João del Rei, com a produção de maquetes, ele não imaginava que essa escolha o colocaria entre os nove finalistas do Prêmio Educador Nota 10, um dos mais importantes reconhecimentos da educação brasileira.
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O projeto "Riscos em Perspectiva: o bairro Matosinhos em maquetes" nasceu em 2024, com alunos do 1º ano do ensino médio integral da Escola Estadual Governador Milton Campos.
A ideia era usar maquetes para representar áreas de risco ambiental do bairro onde a maioria dos estudantes vivem, tornando a geografia mais tangível e conectada com a realidade dos adolescentes.
“A ideia nasceu da necessidade de aproximar os conteúdos de geografia da realidade dos estudantes. As maquetes surgiram como recurso didático para transformar informações abstratas em algo concreto, estimulando a leitura crítica do espaço, a reflexão sobre problemas locais e a busca por soluções sustentáveis, dialogando com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil da ONU”, explica Rafael.
Com apoio de estagiários da Universidade Federal de São João del Rei, os estudantes mapearam pontos de vulnerabilidade urbana, como enchentes, deslizamentos e ocupações irregulares e propuseram estratégias para minimizar os problemas.
Tudo isso através de trabalho em grupo, pesquisa com mapas, fotografias e muita criatividade.
Projeto "Riscos em Perspectiva: o Bairro Matosinhos em maquetes"
Rafael César Silva/Arquivo pessoal
“Foi muito mais que um projeto escolar. Os alunos se sentiram protagonistas. Eles perceberam que seu bairro é digno de estudo, de atenção e de transformação”, destaca o professor, que é natural de Oliveira, no Centro-Oeste Minas, e leciona há 4 anos, sendo 3 na atual escola.
Do bairro para o Brasil
Estudantes da Escola Estadual Governador Milton Campos, em São João del Rei
Rafael César Silva/Arquivo pessoal
A relevância do projeto foi reconhecida nacionalmente: Rafael foi um dos mais de 4 mil inscritos no Prêmio Educador Nota 10 e chegou à final na categoria Sustentabilidade, que premia práticas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
“Decidi inscrever o projeto porque vi nele um exemplo de como a escola pode ir além da sala de aula. Foi também uma forma de dar visibilidade ao esforço coletivo dos estudantes e mostrar que eles são protagonistas do processo educativo”, afirma.
A notícia foi recebida com emoção tanto por Rafael quanto pelos alunos.
“Foi uma emoção enorme. Para mim, é a certeza de que estamos no caminho certo, unindo educação, ciência e cidadania. Os estudantes ficaram muito orgulhosos, disseram que nunca imaginaram que um trabalho da escola deles pudesse chegar tão longe.”
O trabalho de Rafael mostra como a escola pública pode ser um espaço de transformação social concreta, mesmo em cidades do interior, e como educadores comprometidos podem fazer a diferença com poucos recursos, mas com muita escuta, criatividade e envolvimento comunitário.
“Espero que o prêmio dê mais visibilidade ao projeto e incentive outras escolas a desenvolverem práticas que unam aprendizagem e realidade local. É isso que faz sentido”, conclui Rafael.
Produto final do projeto com as maquetes no Bairro Matosinhos, em São João del Rei
Rafael César Silva/Arquivo pessoal
Divulgação do resultado
O resultado será divulgado nesta segunda-feira (27), em cerimônia na Pinacoteca de São Paulo. Os finalistas serão ranqueados em 1º, 2º e 3º lugar dentro de suas categorias e receberão premiação em dinheiro que varia de R$ 25 mil a R$ 15 mil.
Os vencedores também concorrão ao título de Educador do Ano, com premiação de R$ 25 mil em dinheiro e bolsas de pós-graduação.
Criado em 1998, o prêmio é uma iniciativa do Instituto SOMOS, que já reconheceu 279 educadores em todo o país. O prêmio já distribuiu cerca de R$ 3,5 milhões ao longo de sua história e é referência nacional em valorização docente.
*Estagiária sob supervisão da editora Juliana Netto
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